Vive num constante estado de alerta, com receio de algo que nem sequer tem a certeza que irá acontecer? Uma sensação constante de coração acelerado, como se estivesse a realizar uma prova de alta competição, mas sem sair do seu lugar?
Este estado físico chama-se ansiedade e é uma resposta do nosso organismo ao stress. Quando não é excessiva funciona como um mecanismo de defesa, quase uma espécie de alarme, que prepara o corpo para enfrentar desafios ou situações de perigo.
Mas, será este estado de alerta constante benéfico para o organismo? A partir de que momento deixa de ser um problema temporário para ser uma perturbação que carece de intervenção especializada?
Neste artigo abordamos a temática da Ansiedade, no que consiste e quais os diferentes tipos existentes. Continue a ler para descobrir ainda alguns conselhos que podem ajudar a controlar episódios de ansiedade.
A ansiedade é uma emoção desagradável, um estado de alerta que sentimos perante uma situação que nos assusta ou inquieta. Trata-se de uma sensação de preocupação, nervosismo ou receio do que poderá acontecer. E que, na verdade, até pode não se verificar ou nem sequer ser real.
Quando existente de uma forma temporária, a ansiedade contribui para conseguirmos lidar com situações geradoras de maior nervosismo, como exames médicos, entrevistas de emprego ou até atividades de lazer, como a prática de desportos radicais. Esse estado de nervosismo, temporário, é considerado normal e até benéfico para o organismo. Prepara-nos para eventuais perigos e deixa o corpo em estado de alerta.
Imagine, por exemplo, que vai a conduzir num dia de intenso nevoeiro. É normal que se sinta mais apreensivo e, de imediato, o organismo ativa mecanismos de proteção que o ajudam a ir mais concentrado na condução, mais alerta a algum sinal de perigo de um veículo que vai à sua frente ou a ultrapassá-lo.
Contudo, quando essa resposta do organismo ultrapassa os limites do que é considerado normal, se torna constante e interfere com a capacidade de realizar atividades diárias rotineiras, pode ser classificada como uma perturbação de ansiedade. Uma condição que se manifesta através de preocupações excessivas e persistentes que impactam negativamente o bem-estar e a qualidade de vida.
Se já deu por si a adiar sucessivamente, ou mesmo cancelar, uma determinada atividade, como viajar de avião, por exemplo, por ficar demasiado nervoso e se sente incapaz de a realizar, é provável que sofra de uma perturbação de ansiedade.
Em resumo, a ansiedade pode ser benéfica se se tratar de algo temporário e que não incapacita a realização de tarefas do dia a dia. Porém, se a intensidade dos episódios for desproporcional e de duração prolongada, pode ser aptológica e logo necessário agendar consulta médica ou com um psicólogo.
Atualmente, e de acordo com os dados da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental (SPPSM), 1 em cada 4 portugueses vive com uma perturbação psiquiátrica.
Este valor coloca Portugal como o segundo país europeu com maior prevalência destas condições, apenas atrás da Irlanda do Norte, que regista uma taxa de 23,1%.
Entre os diferentes tipos de perturbações psiquiátricas, as perturbações de ansiedade são as mais comuns, afetando 16,5% dos portugueses.
Seguem-se as perturbações do humor, que atingem 7,9% da população. Por outro lado, as perturbações do controlo de impulsos e o abuso de substâncias registam prevalências inferiores, respetivamente 3,5% e 1,6%.
Quanto à gravidade das perturbações mentais, cerca de 4% da população adulta sofre de condições consideradas graves, enquanto 1 em cada 10 enfrenta problemas de gravidade moderada e 7,3% lidam com perturbações ligeiras.
Em termos de impacto, as perturbações mentais e comportamentais representam 11,8% da carga total de doença no país. Este valor supera o peso das doenças oncológicas (10,4%) e fica atrás apenas das doenças cérebro-cardiovasculares (13,7%).
Desde logo é importante ter em conta que a ansiedade e os seus sintomas diferem de pessoa para pessoa e variam consoante o tipo de ansiedade. Os mais comuns, no entanto, podem ser verificados a nível físico, psicológico ou comportamental.
Entre os sintomas físicos mais usuais, a ansiedade pode manifestar-se através da tensão muscular, tremores, respiração mais rápida e, por causa dessa respiração mais ofegante, é possível que surjam tonturas, por exemplo. É igualmente normal que haja aumento do ritmo cardíaco, sensação de boca seca ou mesmo uma vontade súbita de urinar ou defecar.
Em termos emocionais, é comum que a pessoa com ansiedade sinta uma preocupação constante, maior irritabilidade e um medo irracional. Pode ainda ocorrer associado ao medo a dificuldade em dormir e uma sensação de preocupação recorrente.
Por fim, podem surgir comportamentos como o evitar determinados lugares ou situações por fobia a esses momentos.
Existem vários tipos de distúrbios de ansiedade, incluindo:
É possível que uma pessoa apresente mais do que um distúrbio de ansiedade ao mesmo tempo. Os sintomas frequentemente começam na infância ou adolescência e podem persistir na idade adulta.
Atualmente, há indicação de vários autores que raparigas e mulheres têm maior probabilidade de sofrer de distúrbios de ansiedade do que rapazes e homens.
Os distúrbios de ansiedade aumentam o risco de depressão e de perturbações relacionadas com o consumo de substâncias, bem como o risco de pensamentos e comportamentos suicidas.
Sim, é possível. Quando uma perturbação de ansiedade não é tratada de uma forma adequada, prolongando-se no tempo, pode ter impacto significativo na vida de um indivíduo. Uma das complicações é surgir uma perturbação depressiva. Estima-se que cerca de metade das pessoas com depressão possam também experienciar ataques de pânico ou crises de ansiedade.
As perturbações de ansiedade, tal como outras condições de saúde mental, resultam de uma interação complexa entre fatores sociais, psicológicos e biológicos. Qualquer pessoa pode desenvolver uma perturbação de ansiedade, mas aquelas que passaram por traumas como abusos, assaltos, incêndios, perdas marcantes ou outras experiências adversas têm maior probabilidade de sofrer desta condição. Pode ainda ter origem no consumo de drogas como a canábis, anfetaminas, LSD ou Ecstasy, as quais podem também causar crises de ansiedade.
Adicionalmente, estão intimamente relacionadas com a saúde física e podem mesmo ser influenciadas por ela. Muitos dos impactos da ansiedade, como a tensão física, a hiperatividade do sistema nervoso ou o consumo prejudicial de álcool, são também fatores de risco conhecidos para outras doenças como, por exemplo, as cardiovasculares. Por sua vez, pessoas com estas doenças podem desenvolver perturbações de ansiedade devido às dificuldades associadas à gestão da sua condição.
O diagnóstico pode ser realizado pelo seu médico de família ou, em situações mais complexas, por um médico especialista em Psiquiatria. Em algumas situações e que apenas se manifestam sintomas físicos trata-se de um diagnóstico de exclusão, o que significa que é essencial, desde logo, descartar previamente outras condições de saúde com sintomas semelhantes. Em determinadas situações, mais complexas, pode mesmo ser necessário o recurso a exames complementares de diagnóstico.
A boa notícia é a ansiedade ser tratável. Existem vários tratamentos eficazes para as perturbações de ansiedade. As pessoas com sintomas de ansiedade devem procurar apoio médico especializado. A saber:
São tratamentos essenciais para as perturbações de ansiedade. Estas intervenções auxiliam as pessoas a desenvolver novas formas de pensar, lidar ou relacionar-se consigo próprio, com os outros ou com o mundo à sua volta. Além disso, os psicólogos partilharão consigo estratégias para enfrentar as situações, eventos, pessoas ou locais que desencadeiam as crises de ansiedade.
Estas intervenções podem ser realizadas individualmente ou em grupo, presencialmente ou online, mediante a sua disponibilidade ou o tipo de perturbação diagnosticada.
As intervenções psicológicas com mais evidência de eficácia do tratamento de várias perturbações de ansiedade baseiam-se nos princípios da terapia cognitivo-comportamental. Estas incluem, por exemplo, a terapia de exposição, em que os pacientes aprendem a enfrentar os seus medos.
Adicionalmente, aprender competências de gestão de stress, como técnicas de relaxamento e mindfulness, vão ajudar a reduzir os sintomas de ansiedade.
Os antidepressivos, nomeadamente os medicamentos inibidores seletivos da recaptação da serotonina, podem ser úteis no tratamento de adultos com perturbações de ansiedade. No entanto, os profissionais de saúde devem considerar os possíveis efeitos adversos associados à medicação, bem como as preferências e necessidades individuais dos pacientes.
Estas substâncias historicamente prescritas para tratar perturbações de ansiedade, são geralmente desaconselhadas devido ao seu elevado potencial de efeitos secundários. Entre os mais preocupantes destaca-se a dependência e o risco de sonolência e alteração de comportamento, nomeadamente ao conduzir ou trabalhar com máquinas.
Além disso, sabe-se que a eficácia é limitada a longo prazo, pois há tolerância ao efeito se tomadas durante longos períodos.
Portanto, mesmo que não esteja perante um quadro depressivo o seu médico psiquiatra poderá indicar a toma de um antidepressivo para controlar a ansiedade.
Podemos aprender a gerir a ansiedade através de algumas práticas simples e eficazes. Desde logo com a partilha dos nossos pensamentos e sentimentos com alguém de confiança, como um familiar ou amigo. Este diálogo pode contribuir para se sentir mais sereno e relaxado.
Focarmo-nos em ações sobre as quais temos o controlo também ajuda: quando a ansiedade aumenta, respirar profundamente e dedicar-nos a pequenas tarefas, como planear as refeições da semana, organizar a secretária ou arrumar uma gaveta, pode acalmar.
A prática de atividade física ou outras que sejam agradáveis para si, como caminhar ou realizar determinados hobbies, é igualmente benéfico. Além disso, distrações como desenhar, pintar, cozinhar ou ver um filme podem ajudar a relaxar e a mudar o foco.
Escrever sobre os pensamentos e sentimentos, criando uma espécie de diário da ansiedade, é também uma forma eficaz de aliviar a tensão. Por fim, se a ansiedade se mantiver, procurar o apoio clínico especializado pode ser crucial.
Compreender a ansiedade e os seus diversos tipos é essencial para uma gestão eficaz da sua saúde mental. Adicionalmente, é fundamental reconhecer os sintomas e sinais de alerta e procurar ajuda profissional quando sente que está a perder o controlo. Estes são passos cruciais para recuperar a qualidade de vida.
Na CLIVIP, os nossos especialistas estão preparados para atuar sobre a sintomatologia física, emocional e comportamental, com recurso a abordagens terapêuticas seguras. Através da intervenção especializada é possível transformar um episódio de sofrimento psicológico numa oportunidade de mudança do padrão de relação interpessoal.
A ansiedade, apesar de desafiante, não precisa de ser permanente. Vai continuar a sofrer em silêncio?
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